Mal diluiram-se os últimos votos de paz e harmonia para o novo ano e eis que o mal, fera oculta no coração dos homens, reascende feridas em torno do Planeta com redobrado furor, como que ansiando deixar na alma humana uma cicatriz de difícil remoção.
Em todos os lugares, o rumor contundente da transformação, da mudança, da reavaliação...
Em qualquer recanto que se esteja o sobressalto, a certeza de que não mais é possível olhar o mundo com a inocência de antes, a consciência de que movimentos e atitudes, modos e tendências devem ser revistos para que o espírito acompanhe, sem desfalecer, as transformações planetárias em curso.
O Espiritismo avança a largas braçadas, educando corações e mentes, mas, ainda assim, muitos espíritas conscientes e sinceros se defrontam, inúmeras vezes, com questionamentos dolorosos acerca do melhor modo de agir perante ocorrências nem sempre felizes que o surpreendem cotidianamente, em todos os setores.
Como o espírita deve ser, como deve agir?
André Luiz nos alerta que ser um bom espírita não significa benevolência absoluta com tudo e com todos e nem tampouco severidade na mesma medida.
"É necessário escolher atitude e posição de equilíbrio", não esquecendo de colocar que devemos conhecer a nós mesmos, para que efetuemos essa escolha com mais segurança e verdade..."
O espírita deve ser verdadeiro, mas não agressivo, manejando a verdade a ponto de convertê-la em tacape na pele dos semelhantes;
Bom, mas não displicente que chegue a favorecer a força do mal, sob o pretexto de cultivar a ternura;
Generoso, mas não perdulário que abrace a prodigalidade excessiva, sufocando as possibilidades de trabalho que despontam nos outros;
Doce, mas não tão doce que atinja a dúbia melifluidade, incapaz de assumir determinados compromissos na hora da decisão;
Justo, mas não implacável, em nome da justiça, impedindo a recuperação dos que caem e sofrem.
Claro, mas não desabrido, dando a idéia de eleger-se em fiscal de consciências alheias.
Franco, mas não insolente, ferindo os outros;
Paciente, mas não irresponsável, adotando negligência em nome da gentileza;
Tolerante, mas não indiferente, aplaudindo o erro deliberado em benefício da sombra;
Calmo, mas não sossegado que se afogue em preguiça;
Confiante, mas não fanático que se abstenha do raciocínio;
Persistente, mas não teimoso, viciando-se em rebelar-se;
Diligente, mas não precipitado, destruindo a si próprio.
"Conhece-te a ti mesmo" - diz a filosofia, e para conhecer a nós mesmos, é necessário escolher atitude e posição de equilíbrio, seja na emotividade ou no pensamento, na palavra ou na ação, porque, efetivamente,
o equilíbrio nunca é demais.
ANDRÉ LUIZ
("Opinião Espírita", 7, CEC)
Abraçando o Espiritismo, pedes, a cada passo, orientação para as atitudes que a vida te solicita. Pensando nisso, André Luiz traçou as normas que constituem este epítome de conduta.
Encontramos aqui diretrizes de bom-tom, ou simplesmente um conjunto de lembretes para uso pessoal, no caminho da experiência, à feição de roteiro de nossa lógica doutrinária.
Certa feita, disse o Divino Mestre: "Quem me segue, siga-me", e noutra circunstância, afirmou: "Quem me segue não anda em trevas".
Reconhecemos, assim, que não basta admirar o Cristo e divulgar-lhe os preceitos. É imprescindível acompanhá-lo para que estejamos na bênção da luz.
Para isso, é imperioso lhe busquemos a lição pura e viva. De igual modo acontece na Doutrina Espírita que lhe revive o apostalado de redenção.
Quem procure servi-la, deve atender-lhe as indicações. E quem assim proceda, em parte alguma sofrerá dúvidas e sombra.
Assim, ao ler este comportamento, equivale a ouvir um companheiro fiel ao bom senso. E se o bom senso ajuda a discernir, quem aprende a discernir sabe sempre como deve fazer.
Emmanuel
Amigo:
Aqui estão reunidas algumas indicações cristãs para que venhamos a burilar as nossas atitudes no campo espírita em que o Senhor, por acréscimo de misericórdia, nos situou os corações.
Assim, pois, rogamos não se veja em nossos apontamentos esse ou aquele propósito de culto às convenções do mundo exterior, nem teorização de disciplinas superficiais.
É que, na atualidade, mourejam, somente no Brasil, mais de um milhão de trabalhadores do Espiritismo, e decerto, por amor â nossa Doutrina de Libertação, será justo sintonizar as nossas manifestações, no campo vulgar da vida, com os princípios superiores que nos comandam as diretrizes.
Sabemos que a liberdade espiritual é o mais precioso característico de nosso movimento. Entretanto, se somos independentes para ver a luz e interpretá-la, não podemos esquecer que o exemplo digno é a base para a nossa verdadeira união em qualquer realização respeitável.
Da conduta dos indivíduos depende o destino das organizações. Não temos a presunção de traçar diretrizes absolutas ao comportamento espirita. Compreendemos, com Allan Kardec, que, em Espiritismo, foi pronunciada a primeira palavra, mas, em face do caráter progressivo de seus postulados, ninguém poderá dizer a última.
Relevem-nos, desse modo, quantos lerem as presentes nótulas, traçadas de caminho a caminho.
Escrevendo-as, tivemos em mira tão-somente a nossa própria necessidade de aperfeiçoamento, ante a crescente extensão dos espiritas em nossos círculos de ação, com a certeza de que somos indistintamente tutelados de Nosso Senhor Jesus-Cristo, o nosso Mestre Divino, achando-nos todos chamados, por Ele, a aprender na abençoada Escola Terrestre.
ANDRÉ LUIZ
...2 - DO JOVEM
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...5 - NO LAR
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